quinta-feira, 23 de junho de 2011

Castrar os animais ou educar os seres humanos?

Há quem sustente que o cruzamento de animais de raça para fins comerciais, especialmente cães e gatos, acaba estimulando o abandono de animais de rua, popularmente conhecidos como vira-latas. Reverberam suas vozes a favor da castração como solução idônea para o controle de animais e consequentemente de doenças, imputando a culpa, por tabela, aos criadores de cães e gatos. Nada mais mentiroso!
Em primeiro lugar, deve-se considerar que o animal de estimação é considerado um bem, assim como um apartamento, um carro, uma caneta etc. Sendo um bem, é protegido pelo direito a nível constitucional, bem como no Código Civil e outras leis específicas. Ter um animal de estimação, seja para apenas desfrutar de sua companhia, seja para criação e comércio, é nada menos do que o exercício regular do direito de propriedade, como se disse, constitucional e legalmente protegido.
Em segundo lugar, apesar de ser louvável o estímulo, por parte do poder público, à adoção de animais abandonados, como forma de diminuir a população de animais nas ruas, não podemos esquecer que possuir um bicho de estimação é decisão personalíssima, isto é, transita pela privacidade de cada pessoa, sendo que a atitude do poder público deve ser interpretada como mera sugestão a quem queira adquirir um “pet”.
Significa que não há meio legal para obrigar alguém a adquirir um animal de rua quando o que a pessoa quer é um São Bernardo, um Yorkshire, um gato siamês, um peixe etc. Quando muito, o poder público pode (e deve) cuidar para que certos comportamentos perigosos não sejam admitidos na sociedade, como ocorre com pessoas que “passeiam” com seus Pit Bulls soltos ou expõem animais doentes, portadores de hidrofobia (raiva) em espaço público. Esses são exemplos de atitudes que o Estado não pode tolerar, uma vez que comprometem a saúde e a segurança públicas.
Todavia, há outro dever do Estado que é o de promover o controle desses animais abandonados, seja no sentido de retira-los do convívio público, seja para implementar programas de controle de natalidade desses animais. O que não é correto dizer é que os criadores de cães e gatos são os responsáveis por essa ação que, se não é exclusiva, é no mínimo típica do Estado como ente garantidor da segurança pública, da saúde, da ordem etc.
Finalmente, àqueles que defendem a castração, devo lembrar-lhes que os animais gozam de proteção legal, especialmente no que toca à sua integridade física e psíquica, devendo a castração somente ser utilizada em casos extremos, e de forma terapêutica. O que não pode ocorrer é a castração indiscriminada, sob o argumento de que possuidores e criadores de animais de raça estimulam o abandono e a proliferação de animais de rua.


Devo salientar que, a já existente proliferação dos cães de rua nos obrigam a castra-los pelo bem deles e da sociedade. Mas sou a favor puramente por ter saído do controle essa situação que há anos não se resolve. Sou a favor da castração necessária por conta de alguma doença, somente por isso. Acho a castração algo invasivo e anti-natural. Os animais não nescem castrados e se fosse " legal " isso já nasceriam. Existem os dois lados da moeda. Do mesmo jeito que existem benefícios em alguns casos, também existem " estragos " doenças que aparecem após uma castração.
O homem com seu egoísmo faz suas burradas e simplesmente acha uma saída conveniente e mais rápida pra ele. Preferem castrar do que deixar seus cães sob uma guarda mais rígida nesse período. Sobre sofrimento do cão? Não, não se enganem, cães não sofrem por querer uma relação que se frustra. Esta é a natureza que estamos invadindo com nossas imposições de ser humano definitivo! Não se trata de encher o planeta de filhotes, se trata de manter a dignidade do cão! Cabe ao ser humano colocar na cabeça que já existem muitos cães por aí, mas daí castrar arrancando-lhes a " natureza " não é justo.
Não precisamos pensar como a massa. Não é feio pensar diferente. Não existem verdades absolutas. O que entendo sobre Posse Responsável não se trata de pegar seu pet, correr pro veterinário e castrar, se trata de manter sua dignidade e colocar a mão na consciência de que já existem muitos cães para adoção. Assim você deixa seu pet dentro de casa e toma providências para não haver uma cruza indesejada. Seria justo os animais " pagar " com o seu corpo, sofrendo uma anestesia, corte, eliminação de seus orgãos que nasceram com eles, por pura falta de " educação " da sociedade?

Enfim, cabe ao dono sentir oque é melhor pro seu cão, e deixar a castração pros animais de rua e necessitados realmente dela. Por conta de alguma doença ou problemas terapêuticos, no mais, não vejo necessidade de tal procedimento.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente com seu post, e é uma pena, uma pena mesmo que muitos pensem diferente. Não desejo para meu cão o que não desejaria para mim. Depois que o homem forma a família, ele se castra? E se disessem que ajuda a eliminar problemas de próstata ou cancer de mama? Duvido! Aposto que sequer existem estudos a respeito.

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  2. Queria mais informações a respeito. Eu tenho 2 yorks e n pretendo deixa-las cruzar e ter filhotes pq n tenho condiçoes de ter mais filhotes em casa e tbm n tenho coragem de dar ou vender.Pretendia castrar primeiramente a Jolie de 2 anos e depois a Pérola pq ouvi dizer e li algumas coisas aqui dizendo q é mt bom pq evita futuramente cancer. Por isso queria castrar p ajudar e n por medo delas engravidar pq elas n correm este risco ,são mt bem cuidadas. Obrigada e parabens pelo artigo

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  3. Infelizmente, Ju, o "bicho homem" é ignorante demais...
    E a não-obrigatoriedade da castração foi o que levou à situação que temos hoje...
    Em casa, meus pets são castrados, para evitar "acidentes". Inteiros ficam apenas os que procriarão de maneira controlada e consciente. E indico, sim, para quem tem um casal (da mesma raça, ou de raças / portes diferentes, tanto faz) e não deseje filhotes. Aqui em casa já tive 2 ninhadas acidentais e em ambas ocorreram fugas dignas de Houdini para que acontecessem... isso porque tenho estrutura e conhecimento para separar... imagine para quem não o tem...
    Concordo contigo que não pode haver tanta banalização, mas discordo no tocante aos motivos para se castrar.
    E sobre o comentário anterior, há, sim, MUITOS estudos a respeito dos benefícios e também dos malefícios da castração. Basta procurar a respeito.
    Bjs! E parabéns pelo blog!

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    1. Oi Mô, sumida! :)
      Adorei ver você por aqui. Bom, pela data você percebe q publiquei esse artigo em 2011, de lá até aqui eu mudei alguns conceitos sobre a castração e vejo q realmente o assunto é complicado e com tantos leigos por aí eu vejo q castrar é a melhor solução em certos casos. Continuo sendo contra por motivos naturais e só acho válido castrar em casos clínicos ou de comportamento. Obrigada pelo comentário.

      Beijos.

      Jú.

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